sábado, 28 de fevereiro de 2015

Roupas velhas

Por Jony Bigu

Arrumar as roupas é uma das tarefas que mais odeio fazer em casa. Para mim, é um trabalho que não vale muito a pena, pois em alguns dias tudo estará desarrumado novamente, todavia, é um trabalho necessário. Vejo velhas roupas. Roupas que geralmente me lembram de alguns momentos: uma entrevista, um aniversário, uma festa na casa dos amigos, ou coisa do tipo.

Experimenta a roupa e se olha no espelho a fim de ver como fica. Em alguns casos, você vai perceber que alguma coisa mudou e que algumas roupas já não serão usadas por você, seja por uma variação no peso ou por ter mudado alguns gostos.

Daí, fiquei pensando o quanto sofremos quando tentamos continuar usando algumas roupas que já não cabem mais nós. Ficamos sufocados, desajeitados e sem graça. É assim quando insistimos em ser o que não somos mais. E o problema não está na roupa; está em nós. Fomos nós que mudamos.

Ainda que queiramos, algumas roupas já não combinam com a gente e é preciso reconhecer isso. Nós mudamos assim como quase tudo nessa vida. Reconhecer que você não é mais o mesmo e avaliar se a mudança é positiva ou negativa é um exercício que devemos fazer sempre.

Depois de dobrar várias roupas, percebi que algumas delas precisam ser doadas e outras jogadas fora, pois já não cabem em mim. Graças a Deus, estou muito feliz com minha nova maneira de me vestir. Aqueles que gostam de mim não se importam com as roupas que uso, pois eles conhecem quem está dentro da roupa. Porém, os que não me conhecem continuarão me julgando com base na aparência. É difícil, mas decidi vestir-me para mim mesmo e não para agradar quem não gosta de mim. Faça você o mesmo.

Ass. Jony Bigu - que não tem roupas caras, mas anda no estilo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carnaval, cinzas e um baile sem máscaras.


Por Jony Bigu

Você pulou, bebeu, beijou, dançou, cantou e agora é só saudades. Saudades porque acabou a festa.  Saudade da máscara que você usou para poder participar da brincadeira. Essa máscara fez milagres. Fez você esquecer a realidade por um momento e deixar fluir toda sua sede de alegria. Com essa máscara, você fez coisa que jamais faria em seu cotidiano.

Agora acabou. Você coloca sua máscara na caixa esperando o outro carnaval e volta para o mundo sem máscara. Não poderia ter nome melhor para essa quarta-feira. Quarta-feira das cinzas de uma alegria efêmera que já passou. As palavras do poeta que dizia não haver felicidade, mas momentos felizes, começam a fazer sentido para você.

Mas será que realmente não há felicidade? Será que você realmente tem que passar o ano inteiro esperando apenas alguns momentos ocorrerem? E será assim por toda sua vida? Jesus disse certa vez: eu sou o bom pastor e dou vida em abundância. Vida em abundância é fazer valer a pena todos os instantes que se vive. Jesus disse que isso era possível. Eu experimentei e você também é convidado a experimentar. Mas se for fazer isso, procure por Ele (Jesus e não por religião). Foi isso que fiz. Acredite, é possível ser feliz sem máscaras.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Os cristãos, o “bolsa travesti” e o PT.

Por Jony Bigu

Nos últimos dias, vi muitos crentes criticando uma ação da prefeitura de São Paulo que oferece um benefício social no valor de um salário mínimo a travestis para que estes possam concluir o ensino básico e fazer um curso técnico. Eu até entrei no debate algumas vez e, como geralmente acontece, fui rechaçado mais uma vez.

Para explicar o meu ponto de vista, vamos imaginar a seguinte situação. Imagine que você resolve fazer um trabalho social em prol de um grupo de pessoas você conhece, na sua igreja. Você sabe que esse grupo é o que mais sofre com a violência. Além disso, você conhece que grande parte dessas pessoas sofre com a rejeição de seus familiares. Muitas até foram expulsas de casa quando ainda eram crianças. A situação dessas pessoas é realmente é triste.

Então, vocês resolvem dar uma ajuda financeira para essas pessoas para que elas tenham oportunidade de estudar e possam fazer um curso técnico para se capacitar e ter outras oportunidades. Você sabe que essa ajuda financeira será importante, pois caso eles não tenham, terão que se expor ao perigo da violência.

Você acha que essa atitude é má a sociedade? A situação que falei acima não é hipotética. Ela existe. A única diferença é que ao invés desse projeto ser uma ação da igreja é uma ação da prefeitura do PT. Outro detalhe importante é que o grupo excluído é um grupo de travestis. Para muitos “irmãos”, isso faz toda a diferença.

Talvez eu esteja errado, mas para mim é difícil achar que um grupo que mais sofre no Brasil com a exploração sexual, é vítima de preconceito diariamente, tem dificuldade em conseguir um emprego por conta de sua aparência, seja um grupo privilegiado só por conta de uma ajuda financeira para que possa estudar. Sinceramente, eu não consigo entender. Para mim, é triste ver os cristãos colocarem suas convicções políticas e um juízo de valor pela aparência acima da dignidade humana.


Deus tenha misericórdia de nós.