segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Está bem! Eu sou mesmo um herege


Por Jony Bigu

Não é novidade dizer que o Cristianismo atual está doente. Vemos a cada dia fortes aberrações do movimento neopentecostal que viram verdadeiros modismos até em igrejas pentecostais históricas. O fato é que a força desse movimento é tão grande que suas aberrações não apenas se tornam normais, mas o exemplo a ser seguido pelas demais igrejas. Quantas igrejas com quebra de maldição hereditária, quantas igrejas que pregam um evangelho triunfalista, quantas igrejas com campanhas e mais campanhas com fim apenas de arrecadar fundos, ainda que o motivo seja justo como construção de igreja, todavia, há outros meios de arrecadar fundos que não seja uma distorção do motivo do culto que é a adoração a Deus. Desse modo, o errado é dito como certo e quem se posicionar contrário está errado.

Certo dia, um irmão pelo qual tenho muito respeito conversou comigo acerca de uns posts. Ele falou do perigo de minha exposição e que eu não deveria sair mostrando erros e feridas da igreja. Ele falou que era melhor sabermos das coisas e falar somente com Deus para que Ele (Deus) tomasse a providência. O conselho do meu amigo foi importante e é repetido por muitos outros irmãos também.

A grande questão é a seguinte: e Jesus, o que Ele faria em nosso lugar? Quanto Ele veio ao mundo havia uma estrutura eclesiástica forte e organizada. Havia um consenso de que os fariseus e escribas eram zelosos homens de Deus. Ninguém naquela época poderia questionar o sinédrio. Fazer isso era uma afronta. Porém um galileu apareceu e fez diferente. O seu diferencial não foi os milagres feitos por Ele, mas sua postura em relação à ordem religiosa. Jesus não teve uma política de boa vizinhança com os fariseus, Ele denunciou duramente suas hipocrisias. O Mestre deixou bem claro: esses não são filhos de Deus, pois não fazem suas obras. Por conta disso Jesus foi considerado um herege, chamado de blasfemo que é muito pior.

E o que dizer de Lutero? Já pensou se ele não denuncia o desvio da igreja pelo único fato de não querer ser chamado de herege? E, mesmo não concordando, ficasse calado para que as feridas das igrejas não fossem expostas?

Jesus rompeu com a hipocrisia dos homens ditos zelosos. Lutero denunciou os desvios doutrinários e eu estou disposto a fazer o mesmo. Estou farto de igrejas que querem estabelecer seus reinos aqui na Terra, estou cheio de pregadores que proferem o nome de Deus para projetarem os seus próprios nomes, estou enojado de políticos ditos cristãos que oprimem os pobres e se aliam aos poderosos. Basta! Voltemos ao evangelho puro e simples.

Como bem falou Júlio Zamparetti:

“A religião se tornou patética, motivo de escárnio, tem sido ridicularizada nas novelas, programas de humor e rodas sociais. A razão disso não é perseguição, mas a própria realidade. A realidade do que a igreja se tornou. Seus líderes querem que o povo os aceite incondicionalmente e inquestionavelmente, enquanto eles mesmos são incapazes de olhar para si e perceber o quanto precisam mudar. Fecharam seu sistema e quem dele não faz parte é tido por louco e herege. Mas se ser são e santo é fazer parte dessa maioria, terrível coisa me seria seus elogios. Enquanto Deus me conceder sanidade mental, dessa trupe não quero parte.”

Em suma concluo, se Jesus e Lutero foram hereges do seu tempo, não me importo em ser herege do meu.

Ass. Jony Bigu – que escreve suas heresias aqui no Missões Salém.

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