sexta-feira, 9 de agosto de 2013

NÃO CONFUNDA, CULTURA EVANGÉLICA COM EVANGELHO.


 Por Cauex Pascoa 

Eu achava que esta já seria uma discussão batida, mas convivendo com outros irmão vejo o quanto ainda precisamos entender que cultura evangélica é diferente de evangelho e vida cristã. A coisa está muito embolada e precisamos estabelecer um limite claro para que não acabemos por ensinar, evangelizar e até disciplinar pessoas pelo motivo errado.

O QUE É CULTURA?

Quando estudei antropologia descobri que este é o termo de fácil compreensão mas difícil definição que existe, mas de uma maneira geral entendesse por cultura:

 ”Todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade ou grupo.”

De maneira mais simples é como se um determinado grupo de pessoas colocasse um óculos de lentes azuis, e por ver o mundo todo em azul, as pessoas desenvolvessem um modo azul de ser, sendo assim, eles não sabem o que é amarelo, ou vermelho e acham estranho ou desconhecido, porque só conhecem o jeito azul de ser.

Quando existe um CHOQUE DE CULTURAS naturalmente existe estranhamento. Pra você  biquíni é uma peça de roupa, já para um muçulmano, uma mulher de biquíni é o mesmo que um mulher nua. O mesmo aconteceria com você brasileiro em um país africano aonde é comum as mulheres andarem com os seios a mostra.

EXISTE UMA CULTURA EVANGÉLICA?

Acredito que sim. Existem estudos mais complexos sobre o assunto, mas como este é um post e não um artigo acadêmico vamos nos prender ao básico. Temos um estilo musical, um vocabulário próprio, uma forma de nos portar, hábitos, regras de comportamento social, leis, costumes, ritos e  práticas que fazem parte da vida de um cristão, e isso não é de todo ruim.

John Stott em seu livro, O Sermão do monte, retrata os valores do reino como um processo cultural gerando uma contracultura, ou seja, valores que são contrários a cultura vigente, o problema é que muitos de nosso irmão não compreendem a diferença entre contracultura e gueto e é por esse, e outros motivos, que os evangélicos tem gerado uma subcultura que tem tomado proporções cada vez maiores e catastróficas, o que originou até mesmo um público, e sendo assim um segmento de mercado a ser explorado e que começa a ganhar proporções cada vez maiores, intitulado de GOSPEL. São livrarias, músicas, lojas, ambientes, linhas de perfume e roupas voltados única e exclusivamente para o “povo de Deus” que em nada quer se parecer com o mundo sua volta. Desenvolveu-se um “life style” aonde se você se encaixa nele você pode até não ser, mas é chamado de crente ou evangélico.



CULTURA EVANGÉLICA X EVANGELHO

O que faz com que você seja um cristão além de não falar palavrão, não frequentar certos lugares,  não fazer certas coisas e ir as programações da igreja?

Essa é uma pergunta que deve no mínimo fazer você refletir, pois ela pode fazer a diferença entre Cristão e Crente, Céu e Inferno, e até mesmo se você tem convidado pessoas para um novo jeito de se portar, ou apresentado a elas real evangelho.

A principal diferença entre os dois é que cultura tem a ver com a forma como me relaciono e me porto, o evangelho te a ver com a transformação da minha natureza pecaminosa para alguém a semelhança de Cristo Jesus é por isso que Paulo no diz  que aqueles que estão em Cristo são nova criatura, portanto não possuem mais a mesma natureza . Essa nova natureza gera em mim um novo modo de pensar (Rm 12. 1-2), ser (1Pe 1. 18-25) e agir (Ef 2. 22-32).

Geralmente quando alguém na igreja não se encaixa no nosso mesmo modo de pensar, ser e agir, é discriminado a até mesmo chamado de herege, o que acontece na verdade é que está pessoa não se encontra dentro do mesmo contexto cultural que você se encontra, quando na verdade deveríamos nos perguntar se ela compartilha da mesma natureza de Cristo, precisamos compreender que:

Cultura gera comportamento; evangelho gera restauração.

Evangelho é a descoberta da minha identidade em Cristo; cultura é a minha identificação em meio aos outros, seja de fora ou dentro da igreja.

Cultura é dizer para a menina não usar roupas curtas na igreja; evangelho é ensinar a pessoas a compreender o que significa ser templo do espírito santo, criação divina, assim quando o espírito a constranger, ela não vai querer usar roupas indecentes nem dentro nem fora da igreja.

Cultura ensina que palavrão é palavra torpe; o evangelho ensina que o sarcasmo, a indiferença e o deboche são piores que os mais sujos dos palavrões.

A cultura evangélica nos separa do mundo e demoniza o que vem dele; o evangelho nos envia ao mundo para redimir a cultura.


Poderia continuar linhas e mais linhas, mas não é sendo um “gueto” no “mundo” que vamos fazer Jesus conhecido,é mergulhando nele enquanto nos tornamos um com o Pai semelhantes ao filho.

Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.
E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim;
Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.