sábado, 9 de maio de 2015

O Deus Pai é Deus Mãe

Por Jony Bigu

Chega o dia das mães, é festa em inúmeras residências Brasil a fora. Uma homenagem mais que justa, pois comemorasse a mais celebre forma de amor entre os homens: o amor de materno. É um amor tão grande que o próprio Deus o usa para fazer uma analogia com seu amor.

“Será que uma mãe pode esquecer o seu bebê? Será que pode deixar de amar seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esqueceria vocês.” Is. 49:15 (NTLH).

Em várias passagens da bíblia, Deus se revela fazendo uso do amor maternal para nos fazer entender seu grandioso amor.

1.       Deus sofre com os pecados dos filhos e faz de tudo para restaura-lo assim como uma mãe.

“Fiquei muito tempo em silêncio, e me contive, calado. Mas agora, como mulher em trabalho de parto, eu grito, gemo e respiro ofegante. [...] Essas são as coisas que farei; não os abandonarei.” Is. 42:14,16b (NVI).

Nesse texto, Deus fala das dores sentidas durante o período do exílio (período que Judá permaneceu sobre domínio babilônico).

2.       Deus consola seu povo assim como uma mãe consola seus filhos.

“Assim como uma mãe que consola seu filho, também eu os consolarei; em Jerusalém vocês serão consolados ” Is. 66:13 (NVI).

Após o doloroso período do exílio Babilônico, Deus promete consolar seu povo na terra deles. Assim como o colo de uma mãe, o colo de Deus também é consolador depois de grande sofrimento.

3.       Deus cuida e ensina seus filhos mesmo não tendo o devido reconhecimento.

“Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei o meu filho. Mas quanto mais eu o chamava, mais ele se afastava de mim. [...] Mas eu fui quem ensinou Efraim a andar, tomando-o nos braços [...] Eu o conduzi com laços de bondade humana e de amor; tirei do seu pescoço o jugo e me inclinei para alimentá-los.” Oseias 11:1-4 (NVI).

Esta linda passagem, mostra o cuidado que Deus teve com o seu povo. Ele o amou desde o tempo que Israel era um menino mal criado. É Ele quem conduz seu povo com bondade humana, sim, a bondade entre os homens é expressão do amor de Deus. Além disso, Ele é quem toma o nosso jugo e se inclina para nos dar de mamar.

O amor materno de Deus também aparece nas palavras de Jesus quando este desejou cuidar de Jerusalém como uma galinha que cuida de seus pintinhos debaixo de suas asas (Lc 13:34). Jesus estava triste, pois Jerusalém não havia entendido o que era o Reino de Deus. O cuidado do Senhor nos liberta e nos ensina a voar. E se algum dia fraquejarmos, Ele estará próximo para nos amparar.
 
“Como a águia ensina os filhotes a voar e com suas asas estendidas os pega quando estão caindo, assim o Senhor Deus cuida do seu povo .” Deuteronômio 32:11 (NTLH).

Deus ama como mãe.

Ass. Jony Bigu – que nunca será mãe, mas foi amado demais pela Rosinha, sua mãe, e por isso entendeu a profundidade do amor materno.

sábado, 2 de maio de 2015

Deus nos chamou para ser Igreja

Por Jony Bigu


Pensar sobre a igreja é algo que me deixa bem entusiasmado. É sempre bom pensar e refletir sobre o corpo de Cristo. Quero falar de igreja no sentido bíblico e não no sentido comum e, até mesmo, equivocado que esse termo tomou.

É bastante comum ouvirmos frases do tipo: “vamos à igreja hoje”. Outra frase que me deixa um tanto contrariado é: “de que igreja você é?”. Geralmente, com um sorriso no rosto e um tom de brincadeira respondo: “eu sou da única igreja que existe, sou da igreja de Jesus Cristo!”. Mas eu entendo o que as pessoas estão perguntando. Elas querem saber que instituição religiosa eu frequento. Essa é a principal confusão em torno do termo igreja.

Igreja é diferente de instituição, organização, entidade ou qualquer corporação de cunho religioso. As instituições, organizações e entidades podem até ser igreja, mas o contrário não é verdadeiro. A igreja está para além do simples ajuntamento de pessoas.  Nas palavras de Wayne Jacobsen e Dave Colemam *:

“Igreja é uma palavra que não identifica um local ou uma instituição. Ela descreve um povo e como os membros desse povo se relacionam uns com os outros. Quando se perde isso de vista, nossa compreensão da igreja fica distorcida e deixamos de usufruir a alegria que ela pode nos dar. Jesus não fala da igreja como um lugar aonde se vai, mas como um modo de viver na relação com Ele e com os que O seguem.”

Essa questão espacial da igreja como um local que contém a presença de Deus é algo que está na mente das pessoas há muito tempo. A construção de um referencial especial é uma forma do homem expressar poder (discussão sobre o espaço geográfico me deixa entusiasmado também, mas pode deixar que este geógrafo aqui não vai além disso neste texto). Na religião, este referencial espacial que contém Deus se materializou socialmente como o templo.

O homem tem um desejo perene de Deus. Tê-lo sempre próximo é sinal de segurança e benção. Construir um lugar próximo que pudesse conter a presença de Deus permanentemente seria ótimo. Eis aí a ideia de templo de muitas pessoas, de fazer de um Deus sempre em movimento, um Deus estático e sempre disponível ao desejo delas. Elas querem prender a Plenitude de tudo dentro de quatro paredes. Trata-se, na verdade, do velho desejo de controlar ou mesmo domesticar Deus. O grande problema é que não há como controlar Deus. Ele não se reduz a um templo.

No Israel antigo, o templo foi usado para controle social de massa. O rei Salomão, sem grande carisma para guerra, foi um construtor por excelência. Ele foi responsável pela construção magnífica do templo. À custa de pesados impostos e até de trabalho forçado, o rei fez com que o esplendor do templo mascarasse a dura cerviz do povo e tudo isso fosse admitido como devoção. Até mesmo a ostentação do rei em seu palácio era considerada como manifestação da glória de Deus diante do povo hebreu e de outras nações. Salomão conseguiu construir o “centro do mundo” tendo domínio do espaço sagrado e do poder político e econômico. Em outro momento poderemos discutir uma teologia do templo mais a fundo, mas esse não é nosso propósito aqui.

O fato é que, ainda hoje, muitos desejam controlar a divindade. Quem domesticar Deus, restringindo-O a uma organização e a uma prática religiosa. Tais indivíduos estabelecem um patrão de relacionamento com o Senhor e se colocam como procuradores dessa divindade. São essas pessoas que reproduzem a ideia do templo como sinônimo de igreja. E muitas vezes até nós mesmos reproduzimos essa ideia sem percebemos. Dizemos que nossa organização é a verdadeira, advogamos em favor de nossas práticas religiosas e, muitas vezes, esquecemos o que é verdadeiramente ser igreja. Isso mesmo: ser e não pertencer ou frequentar. Igreja eu sou onde eu estiver me relacionando com Deus e com o meu próximo. Igreja eu sou em qualquer lugar, porque Deus não está preso numa caixa de concreto.

Para concluir, deixo uma indicação de uma boa música do grupo Palavrantiga, da qual sempre lembro quando estou falando de igreja.

Casa

Deus preferiu essa carne
Não quis os templos que eu posso construir
Com minhas mãos

Me fez casa
Eu sou morada
Lugar de Deus
Que não está lá fora
Mas sim mora dentro de mim

Abri a porta e Ele entrou em casa.
Estou em obras.
Essa morada um dia será perfeição!

Deus preferiu essa carne
Não quis os templos que eu posso construir
Com minhas mãos, não!

Me fez casa
Eu sou morada
Lugar de Deus
Que não está lá fora
Mas sim mora dentro de mim

A minha janela são estes olhos que brilham
Uma coisa ela mostra
Quem a ilumina é o meu Amado
Mudando as coisas de lugar
Dentro de mim, dentro de mim

Eu sou casa
lugar de Deus
Ele habita em mim

Lá fora é frio
Lá fora é medo
É alto de monte
Deserto, vazio

Morando em mim, Tu me aqueces
Me ensina a ser livre
Santo Espírito me enche de alegria

Eu sou casa
lugar de Deus

Ele habita em mim


* Extraído do livro "Porque você não quer mais ir a igreja?"